Faz tanto
tempo que eu não escrevo que eu nem lembro direito da onde começa. Do início ,
certo? Eu não sei se eu vou lembrar a senha desse blog na hora de postar, mas
ele está oficialmente precisando de uma cara nova. Cadê os amigos designers pra
ajudar nessas horas?
Acabei de
entrar em casa. Subi as escadas obstinada a fazer o que venho fazendo todos os
dias em que consigo chegar em casa cedo: deitar na cama e assistir um filme até
dormir. Nesses dias eu nem janto, porque depois que eu capoto, nada me levanta.
Eu estranhamente
tenho sentido muita dor nas costas ao fazer isso (reparem como eu ainda lembro
que texto de internet funciona melhor em blocos, que saudades eu tava).
Entrei no
meu quarto pensando por que eu me sentia tão transtornada, se o dia havia sido
tão calmo. Acho que é TPM, mas de qualquer jeito resolvi fazer uma leiturinha
ao invés de embarcar em mais uma incessante busca por um filme que atenda ao
meu (mau) humor no Netflix. Quando deitei na cama voltei a sentir a tal dor nas
costas. Qualquer pessoa que resolva passar 15 horas por dia na cama como eu vai
sentir dor, não culpe meu sedentarismo por essa.
Abri meu
livro sobre desapego (presente de formatura) e assim que li as duas primeiras
linhas comecei a tentar buscar uma posição que me deixasse mais confortável. De
repente, percebi que tenho uma poltrona de balanço no quarto. Eu nunca enxergo
ela muito bem porque tá sempre cheia de camadas de roupa por cima. Ela nunca cumpriu
seu papel de poltrona e eu nem consigo calcular há quantos anos ela mora nesse
quarto. Pois bem, por que não experimentar a tal poltrona?
Transferi as
roupas da poltrona pra cama e me atirei nela. E ao sentar percebi que nunca
tinha visto o meu quarto daquele ângulo, aliás, deste ângulo porque cá estou na,
até então, abandonada poltrona cinza desenvolvendo essa reflexão.
Pois bem,
vamos ao que interessa. Essa não é a primeira vez que eu tenho uma crise de
velha e tenho dificuldade em ler na cama, e nem a segunda, diga-se de passagem.
Mas estranhamente hoje, eu olhei pro lado. Hoje foi a primeira vez que eu
percebi que ela existia, e o melhor, que ela poderia resolver o meu problema.
Acreditem a
tal poltrona é maravilhosa, e não consigo entender porque eu vinha evitando a
tal poltrona. Por que soterrar o móvel de peças de roupa se eu poderia estar
usufruindo da paz e do conforto que só uma poltrona de balanço proporciona?
De repente
percebi que eu devo ignorar muitas outras coisas maravilhosas na vida. Pessoas,
oportunidades, tudo pela simples incapacidade de ver. Ou pela insistência em
tentar enxergar lá na frente e sempre esquecer de olhar para o lado.
As vezes a
gente busca a solução nos lugares mais improváveis, sem perceber, que não
precisava nem esticar o braço pra alcançar ela. E graças ao episódio da (agora)
famosa poltrona, cá estou voltando a escrever, e me sentindo um pouquinho mais
viva nessa confortável e cinzenta poltrona, ops, segunda-feira.