domingo, 14 de fevereiro de 2016

domingo de nadas


Recomendo essa música como trilha da leitura
Tinha vários planos pra esse domingo. Organizar o guarda-roupa, dar uma volta de bike, trabalhar um pouquinho e escrever um texto pro blog. O que eu fiz ao invés disso foram “vários nadas”. É incrível como é fácil achar desculpas pra não fazer aquilo que exige da gente mais esforço do que estamos dispostos.

O guarda-roupa foi o plano mais fácil de ser abandonado, bastou dar uma olhadinha pra pilha de roupas em cima da mala do carnaval que, diga-se de passagem, ainda não desmanchei que a vontade foi pro saco. Me convenci que estava muito calor pra esse esforço físico todo.

A bike era o plano mais feliz do dia, talvez ainda dê uma voltinha depois que acabar esse texto. A desculpa foi a chuva de ontem que deixou as ruas embarradas o que vai dificultar meu caminho até a ciclo-faixa.

O trabalho? Não ter deadline estabelecido tem lá suas vantagens, esse está sendo o mais difícil de driblar. Parece estranho o trabalho ser o mais difícil de ser deixado pra lá em um domingo, mas quando se trata da vida profissional, meu apego é ainda maior. Tenho começado a achar que essas procrastinações relacionadas a entregas fora de hora são até um pouco saudáveis, visto que, trabalhar o tempo todo não faz bem, nem pro corpo e nem pra mente. Ainda assim, consigo ser um desses seres humanos exigentes que acredita que falta de esforço não leva ao sucesso e após uma tarde adiando aquilo que tinha planejado desenvolver, já me sinto um fracasso. Sabe o discurso do “temos que pegar leve com nós mesmos”? Sou péssima colocando ele na prática.

Chego a conclusão ,portanto, de que este texto nada mais é do que o confronto com a minha culpa. Por que mesmo ocupamos todos os nossos dias com esses milhões de planos que um dia nos levarão a um futuro brilhante?  O que é futuro brilhante? Por que achar tão errado o fato de que simplesmente não estamos com vontade de fazer aquilo que planejamos e ponto final? Por que existe certo e errado quando se trata do que fazer com os nossos dias de folga? E com as nossas vidas?

Essa ambiguidade do certo e do errado está sempre entre as minhas principais reflexões. O bem e o mal. O melhor e o pior.

Joguei no Google semana passada a pesquisa “como ter uma vida mais zen” e encontrei um texto de iniciação ao budismo que dizia que precisamos parar de encarar aquilo que acontece na vida como experiências positivas ou negativas e simplesmente aceitar que são experiências. Em um primeiro momento achei uma boa tática pra lidar com aquilo que faz mal, mas confesso que ainda não sou evoluída o suficiente pra entender como não ficar feliz com o que acontece de bom pode ser melhor.

Eu entendo que faz da rotina uma vivência mais tranquila, mas não sei se faz mais rica,e  definitivamente deixa tudo menos interessante.

E aí? Uma vida de altos e baixos, de alegrias bem comemoradas e tristezas intensamente vivenciadas ou uma sensação constante de harmonia? Que escolha cativa mais as nossas vidas?

Ando tentando descobrir.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

era uma vez

Eu tenho esses dois amigos, que tem essa história super complicada.

Ela é essa guria linda, interessante, cheia de referencias, que consegue conversar sobre qualquer coisa. Ela é dessas pessoas que lê muito, que sabe um pouquinho de tudo, sabe? Ele já é mais agitado, adora uma rua. É uma dessas pessoas sociais, que senta numa mesa de bar pra divagar sobre a vida e tem sempre montes de pessoas na volta. Então, eles se conheceram. Se conheceram e foi aquela paixão avassaladora, não tavam nem aí pros nossos conselhos sobre "pisar no freio", eles não tinham amarras e resolveram aproveitar que a vida tinha (finalmente) surgido com uma surpresa tão boa.
Era um amor só aqueles dois. Sempre juntos, sempre tagarelando sobre o que pensam das coisas, sempre fazendo planos.
Até que ele começou a perceber ela um pouquinho distante. Mais introspectiva, mais na dela. Ele fico um pouco perdido, começou a achar que o problema era com ele, normal né. Ela explicou que não tinha nada a ver com ele, que as coisas com ela eram assim mesmo, que ela tinha umas fases difíceis. Ele se tranquilizou, mas só conseguia ver ela se afastar mais. E mais, até o dia que resolveu chamar ela pra conversar sobre o assunto.
Ele disse o que queria e o que não queria, apesar de ser bom com as palavras na mesa de bar, não tem o menor jeito nessas horas que é preciso ter paciência, coitado. E ela se afastou, explicando que o problema era com ela, e que ela não tava conseguindo se ajudar. Que era injusto manter ele perto dela. E aí, a tal linda história, foi por água abaixo.

E aí um tempo passou. Ela ficou lá cuidando dos problemas dela, ele ficou longe, lidando com as mágoas dele. Ele tentou se reaproximar várias vezes, algumas vezes até conseguiu, mas na maioria, acabou frustrado.

Que tipo de conselho se dá pra esses amigos tão complicados? Eu também não sei.

sábado, 19 de setembro de 2015

As vezes eu me questiono porque sou tão insistente, eu não devia largar fora do osso e parar de sofrer? Ouvir os discursos sobre amor próprio e as balelas sobre ser procurada.

Eu não sou a procurada, eu nunca fui a procurada, isso porque eu sempre fui ativa, nunca reativa. Porque enquanto eu procuro, eu estou fazendo algo por mim, pela minha consciência, pela minha felicidade. Eu não fico esperando os milagres acontecerem, as pessoas caírem do céu, porque quando eu começo a esperar, significa que eu já desisti.

Eu acho que ninguém perde por fazer, se o mundo fosse de fazedores ia ser mais bonito. Já pensou que lindo, se todo mundo fosse menos acomodado, menos orgulhoso e mais Ted Mosby? Que se fode porque só quer ser feliz?

Eu não me arrependo de nada que eu fiz até agora, e o dia que isso acontecer, tenho certeza que terei outras mil chances de recomeçar. Ando me puxando até o limite, ando tentando de verdade.

O sentimento de consciência tranquila, esse é impagável.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

O nome desse blog não foi inspirado em "conversa de botas batidas" a troco de nada. Essa sempre foi a minha música de "tá tudo bem", porque afinal de contas, tá mesmo.

O cenário continua o mesmo,  nada mudou desde a última postagem melancólica. Tive mais baixos do que altos, deixei a fossa tomar conta, curti ela bastante mas, ao que tudo indica, coloquei o nariz pra fora. Só a pontinha, que começou a sentir aquele geladinho do fim do inverno e o cheiro das flores, lembrando que a primavera já vem aí. Junto com essa primavera, todo o colorido que eu deixei pra trás.

Não, eu não mudei de ideia, o cinza é realmente a minha cor, mas acho que ele fica extremamente bem acompanhado de pinceladas de vermelho, azul verde e laranja.

O caminho até os dias mais alegres do que tristes ainda precisa ser percorrido e enquanto isso, eu sigo aproveitando o gostinho confortável da tristeza, mas sem aquele aperto horrível no coração. Agora é só saudade, saudadinha gostosa essa que eu ainda quero manter pertinho mais um pouco.

Tudo isso, vem no entanto, acompanhado de um desejo de mudanças, de novas possibilidades, de novas alegrias. De sentir que as coisas vão bem. E que a minha felicidade está na palma da minha mão.

Eu  ainda desejo muito que a vida me surpreenda de uma maneira linda em uma quarta-feira no meio da tarde, eu não desisti do destino. E tomara que essa surpresa desperte aquela marina sonhadora e alegre, diria até meio bobinha. Aquela que sente que saiu pra dar uma voltinha mês passado e ainda não voltou pra casa. Aquela que resolveu acampar em frente a uma porta verde, que se fechou sem deixar quiça uma frestinha.  Por quê demora?

Encontrou uma janela aberta?

"Abre as cortinas pra mim, que não me escondo de ninguém."





quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sofrer pelo que não foi, pelo que foi e pelo que teria sido.

Por tudo que deu certo e queria sentir de novo, por tudo que deu errado e queria esquecer.

Pelo vazio que não passa, pela angústia, pela saudade.

Por todos os sorrisos falsos distribuídos, por todos os "tá tudo ótimo" mentidos, por todos os dias enfiados no trabalho pra não lembrar.

Por todos os monólogos dirigindo até em casa em uma tentativa de auto convencimento de que tá tudo bem, tudo sob controle, tudo exatamente onde deveria estar.

É incrível como tudo pode virar uma bagunça num piscar de olhos e como os dias mais difíceis são os mais cheios que sempre terminam subitamente vazios.

Nada como culpar os outros pela própria incapacidade de lidar com a solidão.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Acordo, tomo banho, lavo o rosto.

Lembro de tudo aquilo que tá acontecendo na vida, respiro fundo.

Coloco todas as minhas energias em trabalhar, mesmo que ao longo do dia, minha atenção se perca várias vezes lembrando de tudo que tá se passando com a vida, lembrando que quando eu sair de lá não vai ter sobrado muita coisa.

Fico o máximo que eu aguento, me puxo o máximo que dá, mantenho o bom humor até o último segundo e ai eu vou embora, encarar o vazio que não me larga.

Hoje foi um dia atípico. Foram muitas horas empenhada eu trabalho muito difícil, que ainda não acabou, tenho que terminar antes de dormir. Ao chegar em casa, percebi que aquilo era tudo que tinha sobrado. O trabalho que eu não aguento mais fazer.

Não tem abraço, não tem beijo, não tem cafuné pós dia difícil. Não tem carinho. Não tem olhos gigantes me encarando, não tem apoio, não tem consolo, não tem nada.

Tem eu aqui, juntando os pedacinhos, sufocada pelas minhas próprias mágoas, rezando pra tudo isso passar.

Porque olha, tá muito dolorido.

sábado, 15 de agosto de 2015

Sábado de manhã

Sábado de manhã é sinônimo de saudade, sábado de manhã não da pra fugir. Ao invés de aproveitar que dá pra dormir até tarde, o olhos insistem em estalar as 8h da manhã e não há seriado que desvie a atenção de todo esse vazio do quarto.

Não há argumento racional, lembrança ruim  ou vídeo engraçado que acabe com a sensação de nostalgia, sábado de manhã não dá pra fugir. Aí, honestamente, o jeito é desistir e sentir. Dói.

Não interessam os motivos, não interessa a nobreza da causa, não interessa a bagunça, não interessa a confusão, porque a vida não tem a menor graça quando vivida racionalmente.

Não tem certo, não tem errado, só tem alegria e tristeza, felicidade e nostalgia, só tem o conforto e o desconforto que se passam no peito.

Não tem jogo, não tem estratégia, só tem um quarto vazio, uma música que fala mais do que eu jamais serei capaz de escrever e um dó na garganta.

Tem lágrimas, um coração dolorido e uma cama meio vazia.

Tem a sensação de que no domingo não melhora.